Teologia Catolica :Lumen Gentium

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Jesus é verdadeiro Homen (2ª parte)

 

2. Jesus, Plenamente Homem, Totalmente Singular

 

 Pelos tópicos acima está claro que Jesus assumiu completamente a humanidade, sujeito a todos os reveses que o estado de humanidade poderia lhe trazer, contudo Jesus não um homem qualquer, igual a todos os homens. Vários fatos em sua vida mostram essa santa singularidade:

 

 

2.1. O Nascimento Virginal

 

  Jesus nasceu como todos os homens, no entanto sua concepção no ventre de Maria foi de origem divina, sem a participação do componente sexual masculino (Mt 1:18-25; Lc 1:26-38). Teologicamente chamamos a isso de concepção virginal. Maria era virgem na época da concepção e assim continuou até o momento do nascimento de Jesus. As Escrituras deixam muito claro que José não teve qualquer intercurso com Maria antes do nascimento de Jesus (Mt 1:25).
        A influência sobrenatural do Espírito Santo é que tornou possível a geração de Jesus no ventre de Maria. Isso não significa que Jesus é o resultado de uma relação de Deus com Maria, longe de nós tal idéia. O que Deus fez foi providenciar, por uma criação especial, tanto o componente humano ordinariamente suprido pelo macho (e assim o nascimento ser virginal) como um fator divino ( e assim a encarnação). Assim, o nascimento de Jesus nos aponta algumas verdades essenciais no cristianismo:

 Que nossa salvação é sobrenatural (Jo 1:13): a salvação não vem pelo nosso esforço ou realização.
 Que a salvação é uma dádiva da Graça (Ef 2:8): assim como não houve nenhum mérito em Maria para que fosse escolhida, da mesma forma acontece conosco quando somos salvos.

 

 

2.2. A Impecabilidade de Jesus

 

Outra prova da singularidade de Jesus como homem é o fato de não ter pecado: "...antes foi ele (Jesus) tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado."(Hb 4:15)

        A Bíblia mostra Jesus como um sumo sacerdote totalmente sem mancha e feito mais alto que os céus (Hb 7:26; 9:14). Pedro nos ensina que Jesus é o Santo de Deus (Jo 6:69) e que não cometeu pecado (II Pe 2:2). O que está de acordo com a afirmações de João, que em Jesus não existe pecado (I Jo 3:5), e as de Paulo que Cristo não conheceu pecado (II Co 5:21).
        Mesmo as acusações de blasfêmia feitas a Jesus pelos judeus são infundadas (Lc 5:21), uma vez que Ele sendo Deus tinha pleno poder para perdoar os pecados. E mesmo algumas pessoas da época deixaram bem claro a inocência de Jesus:

 

 

- A esposa de Pilatos (Mt 27:19): "Não te envolvas com o sangue deste justo".
- O ladrão na cruz (Lc 23:41): "este nenhum mal fez".
- Judas, o traidor (Mt 27:4): "Pequei, traindo sangue inocente".

       

 

 A Bíblia deixa claro portanto a impecabilidade de Jesus, mas isso não invalida as tentações que sofreu como algo de somenos. Foram as tentações genuínas, e embora Jesus pudesse pecar  , era certo que não pecaria. Entretanto alguém poderia levantar a questão: uma pessoa que não pode cair ao ser tentado, de fato experimentou a tentação? Um famoso comentarista bíblico, Leon Morris, argumenta que uma pessoa que resiste até o fim conhece todo o poder da tentação. Dessa forma a impecabilidade aponta para uma tentação muito mais intensa que estamos geralmente acostumados a pensar e sentir. Diz Morris que "O homem  que cede a certa tentação não sente todo o seu poder".
        Uma outra pergunta que fica no ar é: se Jesus não pecou, Ele era realmente humano? Se respondermos não, estaremos incorrendo em gravíssima heresia, pois estamos dizendo em outras palavras que Deus criou o homem naturalmente pecador e portanto Ele é a causa do pecado e o criador de uma natureza má e corrompida. O Senhor é puro de olhos, Ele sequer pode contemplar o pecado (Hc 1:13), quanto mais ser a causa intencional de seres corrompidos pelo mesmo pecado. Não, a resposta não só não é este como a pergunta está formulada de maneira errada, pois estamos de certa forma perguntando se Jesus é tão humano quanto nós. O correto é perguntar:
        Somos tão humanos quanto Jesus? Esta pergunta nos remete a verdade que não temos a humanidade em toda a sua plenitude. Não somos seres humanos genuinamente puros, assim como Jesus o foi. Do ponto de vista bíblico só houve três seres humanos completamente humanos: Adão e Eva (antes da Queda), e Jesus. Todo o restante da humanidade é apenas uma sombra da humanidade original. Nossa humanidade é totalmente conspurcada pelo pecado que tenazmente nos assedia. Somos versões inferiores da versão adâmica original. Dessa maneira Jesus não só é humano como nós, como também é mais humano. É sua humanidade que deve ser padrão para nós e não o inverso.

 

2.3. A Unidade na Pessoa de Jesus

       

 Jesus é também singular no que diz respeito a sua pessoa. Sendo Ele Deus perfeito e Homem perfeito, não é duas pessoas ao mesmo tempo. Ainda que seja de difícil compreensão a unificação do ser divino com o ser humano em um único ser, Jesus nos é apresentado dessa maneira nas páginas do NT.
        A falta de referências bíblicas sobre uma dualidade existente na pessoa de Jesus já é claro indicativo que há uma unidade em torno de sua Pessoa. No entanto há textos claros sobre a deidade e a humanidade de Jesus reunidas em um único ser (Jo 1:14; Gl 4:4; I Tm 3:16; I Co 2:8).
A fé cristã enuncia este mistério desde o século cinco da seguinte forma:

"Um só e mesmo Cristo, Filho Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas pelo contrário, as propriedades de cada pessoa e natureza permanecem intactas concorrendo para formar uma só Pessoa..."

        Jesus ao assumir a forma humana, adquire atributos humanos, mas não desiste de sua natureza divina (Fp 2: 6,7). Quando Paulo fala em Fp que Jesus se esvaziou assumindo a forma de servo, é da posição de igualdade com Deus que Jesus se esvazia e não da natureza divina. Assim Jesus se submete funcionalmente ao Pai e ao Espírito Santo no período da encarnação. Mantém todos os atributos divinos (Cl 2:9), mas os submete voluntária e humildemente ao Pai, não fazendo uso deles a não ser que seja esta a vontade dAquele que o enviou.
        Também deve ficar claro que Jesus não era em algumas ocasiões humano e noutras divino, e nem mesmo um terceiro ser resultante da fusão das duas naturezas. Seus atos sempre foram humanos e divinos ao mesmo tempo. Dessa maneira a humanidade e a divindade são conhecidas de forma mais completa em Jesus Cristo. Não existe melhor fonte para conhecermos como deveria ser o ser humano do que olharmos para Jesus. Ele é o novo Adão e nEle somos feitos novas criaturas, segundo a vontade de Deus (Jo 1:12; II Co 5:17). Mas Cristo também é  nossa melhor fonte para conhecermos como e quem é Deus, pois Ele nos revela de forma mais plena possível o Pai:

"Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1:8).

"Se vós me tivésseis conhecido, conheceríes também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (Jo 14: 8,90).

        Jesus, Nosso Senhor, é alguém totalmente singular entre todas as pessoas que viveram e viverão na face da terra. Ele é o perfeito humano, sem pecado, dependente da vontade do Pai e submisso a ela. É também verdadeiro Deus, em honra, majestade e poder, que assumiu a humanidade e do homem teve compaixão a ponto de morrer por ele, de forma que este fosse liberto do pecado, para que pudesse viver como filho de Deus. Sua obra e propósito eterno foram e serão plenamente cumpridas. Louvado seja o Senhor por ter enviado seu Filho a mundo, para que fosse salvo todo aquele que nEle crê.
        Ao Deus triúno na pessoa do Senhor Jesus seja a glória, a majestade e a honra, antes de todas as eras, e agora, e por todo os séculos. Amém!

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