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Teologia ascetica e mistica
Seus diferentes nomes
A Teologia Ascética tem diversas denominações.
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a) Chamam-na a ciência dos santos, e com razão, pois que nos vem dos santos que a ensinaram e, sobretudo a viveram, e é destinada a fazer santos, explicando-nos o que é a santidade e quais os meios de a alcançar.
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b) Outros lhe dão o nome de ciência espiritual porque forma espirituais, isto é, homens interiores, animados do espírito de Deus.
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c) Mas, como é uma ciência prática, apelidam-na também a arte da perfeição, por ter como fim conduzir as almas à perfeição cristã; ou ainda, a arfe das artes por não haver arte mais excelente que a de aperfeiçoar uma alma na mais nobre, das vidas, a vida sobrenatural.
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d) Contudo, o nome que hoje mais freqüentemente lhe é dado é o de Teologia Ascética e Mística.
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1) A palavra Ascética vem do grego ασκητισμός (exercício, esforço) e designa todo o exercício laborioso que se refira à educação física ou moral do homem. Ora a perfeição cristã supõe esforços que S. Paulo de bom grado compara aos exercícios de treino, a que se submetiam os lutadores, para assegurarem a vitória. Era, pois, natural designar pelo nome de Ascese os esforços da alma cristã em luta para alcançar a perfeição. Assim o fizeram Clemente de Alexandria e Orígenes e, após eles, um grande número de santos Padres. Não é, pois de se estranhar que se tenha dado o nome de Ascética à ciência que trata dos esforços necessários para adquirir a perfeição crista.
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2) Sem embargo, durante longos séculos, o termo que prevaleceu, para designar esta ciência foi o de Teologia Mística μυστικό θρησκευτικές (misterioso, secreto, e sobre tudo segredo religioso), porque ela expunha os segredos da perfeição. Depois, houve uma época em que essas, duas palavras foram empregadas no mesmo sentido; mas veio a prevalecer o uso de reservar o nome de Ascética à parte da ciência espiritual que trata dos primeiros graus da perfeição até o limiar da contemplação, e o nome de Mística à que se ocupa da contemplação e da via unitiva.
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3) Como quer que seja, resulta de todas estas noções que a ciência de que nos ocupamos é sem dúvida a ciência da perfeição cristã: eis o que nos vai permitir assinalar-lhe o lugar que lhe compete no plano geral da Teologia.
SUAS RELAÇÕES COM O DOGMA E A MORAL
- 6) A Ascética é, pois, uma parte da Moral cristã, mas a parte mais nobre, aquela que tende a fazer de nós cristãos perfeitos. Se bem que se tornou um ramo especial da Teologia, conserva, não obstante, com o Dogma e a Moral relações íntimas.
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1º – Tem o seu fundamento no Dogma. Quando quer expor a natureza da vida cristã, é ao Dogma que vai pedir luzes. Efetivamente esta vida é uma participação da própria vida de Deus; é necessário, pois remontar ao seio da Santíssima Trindade, para lá encontrar o princípio e a origem dessa vida, seguir a sua história maravilhosa, ver como, outorgada a nossos primeiros pais, foi perdida por sua culpa e restaurada por Cristo Redentor; qual é o seu organismo e o seu modo de operar em nossa alma, por que misteriosos canais nela se difunde e aumenta,como se transforma em visão beatífica no céu. Ora todas estas questões são tratadas na Teologia Dogmática. Nem, se diga que se podem pressupor; se não se recordam numa síntese curta e viva, a Ascética parecerá sem base e exigir-se-ão às almas, sacrifícios, duríssimos, sem poderem Justificar por uma exposição de quanto Deus fez por nós.
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2º – Apoia-se também na Moral e completa-a. Esta explica os preceitos que devemos praticar, para adquirir e conservar a vida divina. Ora a Ascética, que nos fornece os meios de a aperfeiçoar, supõe evidentemente o conhecimento e a prática dos mandamentos; seria perigosa ilusão descurar os preceitos sob color decultivar os conselhos e pretender praticar as mais altas virtudes, antes de saber resistir às tentações e evitar o, pecado.
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3º – Contudo a Ascética é indubitavelmente um ramo distinto da Teologia Dogmática e Moral. Com efeito, tem o seu objeto próprio: colige no ensino de Nosso Senhor, da Igreja e dos Santos tudo o que se refere à perfeição, natureza, obrigação, e meios da vida crista, e coordena todos estes elementos, de sorte que deles se forme uma verdadeira ciência. 1) Distingue-se do Dogma, que não nos propõe diretamente senão verdades que se devem crer, pois que, se é certo que se apóia nessas verdades, orienta-as para a pratica, utilizando-as para nos fazer compreender, gostar e realizar a perfeição cristã. 2) Distingue-se da Moral porque, se bem que relembra os mandamentos de Deus e da Igreja, fundamento de toda a. vida espiritual, propõe-nos os conselhos evangélicos, e, para cada virtude, um grau mais elevado que aquele que é estrita mente obrigatório. É, pois, com toda a razão a ciência da perfeição cristã.
DIFERENÇA ENTRE A ASCÉTICA E MÍSTICA
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O que levamos dito aplica-se igualmente a uma e a outra.
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A) Para as distinguir, pode-se definir a Teologia Ascética: a parte da ciência espiritual que tem por objeto próprio a teoria e a prática da perfeição cristã desde os seus princípios até o limiar da contemplação infusa. Fazemos começar a perfeição como desejo sincero de progredir na vida espiritual, e a Ascética conduzem a alma, através das vias purgativa e iluminativa, até à contemplação adquirida.
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B) A Mística é a parte da ciência espiritual que tem por objeto próprio a teoria e a prática da vida contemplativa, desde a primeira noite dos sentidos e da quietude até o matrimônio espiritual.
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a) Evitamos, pois, na definição que damos, fazer da Ascética o estudo das vias ordinárias da perfeição, e da Mística o estudo das vias extraordinárias. E a razão é que hoje se reserva antes o termo de extraordinário para uma categoria especial de fenômenos místicos, os que são graças gratuitamente dadas e se vêm acrescentar à contemplação como os êxtases e as revelações.
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b) A contemplação é uma intuição ou vista simples e afetuosa de Deus ou das coisas divinas: chama-se adquirida, quando é fruto da nossa atividade auxiliada pela graça: infusa, quando, ultrapassando essa atividade é operada por Deus com o nosso consentimento.
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c) E de propósito que reunimos num só e mesmo tratado a Teologia Ascética e Mística.
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1) Sem dúvida que, entre uma e outra, há diferenças profundas que teremos cuidado de assinalar mais tarde; mas; há também entre os dois estados, ascético, e místico, uma certa continuidade que faz que um seja urna espécie de preparação para o outro, e que Deus utilize, quando o julga conveniente, as disposições generosas do asceta para o elevar aos estados, místicos.
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2) Em todo o caso, o estudo da Mística, projeta muita luz sobre a Ascética e reciprocamente; porque os caminhos de Deus são harmônicos, e a ação tão poderosa que Ele exerce sobre as almas místicas faz melhor perceber, pelo relevo com que ela aparece, a sua ação menos vigorosa sobre os principiantes; assim as provações passivas, descritas por S. João da Cruz, fazem melhor compreender as securas ordinárias que se experimentam nos estados inferiores, e do mesmo modo entendem-se melhor as vias místicas, quando se vê a que docilidade, a que maleabilidade chega uma alma que, durante longos anos, se entregou aos árduos trabalhos da ascese. Estas duas partes duma mesma ciência esclarecem-se, pois, naturalmente e lucram em não serem separadas.
Obs. peço que sigam todas as outras materias do mesmo tema teologico sera de grande valia
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